Oxigenoterapia Domiciliar

Entenda todos seus benefícios, indicações e maneiras de utilização da oxigenoterapia domiciliar

A oxigenoterapia domiciliar, também conhecida como Oxigenoterapia Domiciliar Prolongada (O.D.P.) é considerada atualmente o principal tratamento não farmacológico para portadores de hipoxemia crônica.

Observa-se que na fase final de diversas doenças respiratórias, como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), fibrose pulmonar, graves deformidades torácicas e bronquiectasias, que a insuficiência respiratória crônica necessita de oxigênio suplementar.

Os pacientes que vivem com hipoxemia e, muitas vezes, hipercapnia, apresentam importante comprometimento físico, psíquico e social com deterioração da qualidade de vida, freqüentemente de forma importante. Eles apresentam também repetidas complicações, com numerosas internações hospitalares e conseqüente aumento do custo econômico para todos os sistemas de saúde.

Foi a partir da década de 70 que pesquisadores começaram a comprovar os benefícios do uso da oxigenoterapia domiciliar. Assim, muitos estudos já confirmaram que a ODP aumenta a sobrevida e melhora a qualidade de vida desse grupo de pacientes. Outros benefícios adicionais também foram descritos, como a melhora da função neuromuscular, da tolerância ao exercício, diminuição do hematócrito e da hipertensão arterial pulmonar.

INDICAÇÕES

Como descrito acima, aceita-se hoje a existência de evidências científicas dos benefícios terapêuticos da oxigenoterapia domiciliar prolongada em pacientes com hipoxemia crônica decorrente da DPOC.

A indicação principal da necessidade de ODP é a presença de PaO2 ≤ 55mmHg e SpO2 < 88%, ou entre 56-59mmHg na presença de sinais sugestivos de cor pulmonale, insuficiência cardíaca congestiva ou eritrocitose (hematócrito > 55%). E para a prescrição correta da oxigenoterapia deve ser acompanhada de uma gasometria arterial para avaliação da ventilação alveolar e para evitar possíveis erros da oximetria.

Vale ressaltar que é de responsabilidade do médico determinar a necessidade e a forma de administração do O2, sendo que a disponibilidade e o custo dos diferentes sistemas devem ser sempre analisados.

BENEFÍCIOS

  • Melhora da sobrevida

Em dois estudos importantes multicêntricos concluíram que qualquer quantidade de oxigenoterapia é melhor do que a não prescrição, e que o uso contínuo (24h/d) é melhor do que uso por 12 ou 15h/dia com relação à sobrevida. Após cinco anos a sobrevida dos pacientes que receberam ODP (24h/d) foi de 62% versus 16% para o grupo controle sem oxigênio.

  • Melhora da qualidade de vida

1.Aumento da tolerância ao exercício

A suplementação do O2 durante os esforços previne o aumento da pressão na artéria pulmonar e na resistência vascular pulmonar, que costumam ocorrer durante os exercícios. O benefício imediato do O2 nos esforços é melhorar a tolerância aos exercícios sob carga de trabalho submáximo e reduzir a dispnéia, por diminuir a ventilação minuto. É notório que os indivíduos portadores de DPOC quando utilizam oxigênio portátil aumentam a distância caminhada.

2. Diminuição do número de internações

A necessidade de internações diminui mostrando o melhor custo-benefício da sua prescrição.

3. Melhora do estado neuropsíquico

Distúrbios neuropsíquicos são freqüentes em pacientes com hipoxemia crônica, sendo que o padrão freqüentemente observado é semelhante ao do indivíduo idoso, como: dificuldade para concentração, perda da memória e redução na habilidade de abstração. Existe relação entre o grau de hipoxemia e a presença desses distúrbios. A hipoxemia associada à idade avançada e a existência de doenças cardiovasculares são as explicações mais aceitas quanto à origem desses distúrbios. Estudos relatam a melhora da função neuropsíquica após o 1o mês de oxigenoterapia e que há reversibilidade das alterações eletroencefalográficas da hipoxemia crônica após 15 a 20h/dia de ODP.

INTERFACES DE ADMINISTRAÇÃO DE OXIGÊNIO

Os sistemas de administração de O2 podem ser classificados em:

  • Baixo fluxo ou fluxo variável (cateter nasal, “prong” nasal, máscara facial, etc.): É o meio mais simples e barato e mais comumente usado para administrar oxigênio. A cânula nasal é considerada confortável pela maioria dos pacientes, e está contra-indicada em indivíduos que tenham respiração predominantemente oral. A FiO2 (fração inspirada de O2) pode chegar até o fluxo máximo de 5 l/min, a partir do qual o paciente pode ter secura e sangramento da mucosa nasal, e o consumo de oxigênio torna- se em excesso. Para o uso da máscara facial o fluxo mínimo necessário é de 5l/min, o que torna seu uso praticamente inviável (desperdício de aproximadamente 2/3 de oxigênio). Os principais problemas são: úlceras de pressão em face e orelhas, risco de aspiração, desconforto pelo calor e sensação claustrofóbica.
  • Alto fluxo ou fluxo fixo (máscara de Venturi): utilizado quando à FiO2 necessária é muito elevada. A máscara de Venturi é um sistema de alto fluxo, no qual o oxigênio passa por um orifício sob pressão, causando aspiração do ar ambiente para o interior da máscara. Desta forma, o paciente respira a mistura de ar ambiente mais oxigênio. Sua grande desvantagem é não poder ser usada para prescrição domiciliar devido ao alto fluxo utilizado (no mínimo 3 l/min).

FONTE DE OXIGÊNIO

Atualmente, no mercado estão disponíveis três fontes de oxigênio para fornecimento domiciliar: gasoso comprimido em cilindros, líquido e concentradores.

Fontes de Oxigênio

O objetivo maior para a administração de oxigênio domiciliar é de reduzir a hipóxia tecidual durante as atividades cotidianas, a ODP aumenta a sobrevida dos pacientes por melhorar as variáveis fisiológicas e sintomas clínicos; incrementa a qualidade de vida pelo aumento da tolerância ao exercício, diminuindo a necessidade de internações hospitalares, assim como melhora os sintomas neuropsiquiátricos.

Vale ressaltar a importância do acompanhamento fisioterapêutico especializado para esses pacientes em uso de oxigenoterapia domiciliar prolongada. É juntamente com o uso da ODP e da Reabilitação Cardiorrespiratória que os benefícios serão alcançados.

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Fonte: Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

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